Posts com tag “evil dead

A Morte do Demônio (The Evil Dead – 1981) – A maior experiência do horror

 

Um grande clássico do terror

 

Existem filmes que, devido aos seus poucos recursos, não conseguem grande destaque. Isso é, de fato, um fator agravante, porém não é impeditivo para o sucesso do filme. Realmente, nos dias de hoje, é uma tarefa árdua conseguir realizar um filme que se destaque em meio as produções que ganham carisma com o público: as produções “pobres de espírito”, com efeitos especiais camuflando o que de fato é o cinema, roteiros sofríveis e orçamentos milionários que não se refletem no conjuto final, resumindo o filme  a um artefato capitalizado de entreternimento.

Mas existem aquelas exceções, aqueles filmes deliciosos feitos com pouco dinheiro e muita paixão dos envolvidos. E num já longínquo ano de 1981, um jovem cineasta se reúne com seus amigos e grava aquele filme que hoje é referência no gênero,além de ser um dos mais memoráveis da história do cinema: The Evil Dead.

O diretor Sam Raimi (que mais tarde seria um dos mais bem sucedidos dos EUA, dirigindo a trilogia inicial do Homem-Aranha) e o ator Bruce Campbell (que hoje faz a série Burn Notice), realizaram um curta metragem, chamado Within the Woods para conseguir algum patrocínio com investidores e financiar um projeto maior,  o aqui referido Evil Dead. Within the Woods já possuía muitos elementos que estariam presentes no filme. Em 1981, finalizam de fato o longa metragem que rapidamente causou um grande impacto.

O clima forte, o ambiente escuro, as cenas sangrentas e os inovadores jogos de câmera fizeram o filme obter grande sucesso.  Sam Raimi abusou da câmera e gravou cenas com técnica até então pouco utilizada no cinema, como a inicial do lago e as inúmeras perseguições do demônio ao Ash faziam o espectador de sentir dentro da ação do filme e tornavam a obra ainda mais tensa.  Mesmo com os furos de roteiro e os erros de sequência (não vou te enganar, são muitos!), a direção competente e rígida do iniciante Raimi já dariam destaque à película. O outro fator que traz destaque ao filme são suas violentas cenas. O filme é muito sangrento, com desmembramentos, os monstros (que se assemelham a zumbis, mas NÃO O SÃO)  vorazes atacando as vítimas e outras diversas formas de explorar o gore.  Algumas cenas são tão antológicas que merecem ser mencionadas aqui: A sequência em que Ash enterra “Linda”, a cena do projetor ensanguentado no porão, o duelo final entre Ash e Scott e Cheryl, e é claro, o “estupro” dos galhos. Mesmo que o gore já existisse há muito tempo (inaugurado com o pouco conhecido “Blood Feast” de 1963), nenhum filme havia causado o impacto que Evil Dead conseguiu com sua violência absurda. Obviamente, devido a isto, o filme recebeu vários cortes da censura e foi proibido em diversos países (na Alemanha foi liberado apenas 10 anos após seu lançamento, mesmo assim com diversos cortes), mas não impediu o sucesso do trabalho. Foi a fita mais vendida no ano de 1983 na Inglaterra e ficou marcado como um dos filmes essenciais do cinema de horror.

Sobre o elenco, não há muito o que falar. Bruce Campbell consegue destaque por ser protagonista, mas assume bem o seu papel (seu nível de atuação em Evil Dead 2 é muito melhor, mas é assunto para outro artigo, rsrsrs). Os outros atores também não fazem feio, porém em alguns momentos podemos notar uma certa superficialidade (principalmente de Richard DeManicor, que interpreta Scott), mas isso não compromete o filme.

O roteiro não tem nenhuma novidade, mas torna o filme ainda mais atrativo: o grupo de jovens aluga uma cabana no meio de uma floresta para passar um fim de semana. Dentro da cabada eles encontram um gravador de áudio, que contém os registros de um árqueologo sobre o conteúdo de Necronomicon, o Livro dos Mortos. Ao serem recitadas as palavras que invocam os mortos, os demônios Kandarianos (que nunca aparecem no filme, o que sugere que sejam uma força espiritual de fato) ressucitam e possuem Cheryl (quando esta vai para fora da casa, na clássica cena do “estupro dos galhos”) que então possui seus amigos um a um. No final, apenas Ash resta e inicia a sua luta pela sobrevivência. Há também destaque o momento dramático no qual Linda, namorada de Ash, é possuída, e este então sofre com os conflitos psicológicos de ter de enfrentar sua amada.

A trilha sonora é mais um destaque, onde ela aparece nos momentos de suspense com maestria. Há também os momentos em que a trilha sonora dá a falsa impressão de que algo vai acontecer, e então, nada acontece. Já quando não há trilha sonora, acontece algo e ela é tocada em alto volume. Excelente! Mais um grande ponto para este filme, o jogo entre a trilha e as cenas funciona muito bem e ainda engana (de forma positiva,claro) o espectador.

Este é aquele filme essencial, que marcou um gênero, e merece sim seu lugar de destaque na história do cinema. O filme ainda permanece mórbido nos dias de hoje, ainda tem um grande impacto (me lembro quando o vi pela primeira vez no “Cine Sinistro” da Band e fiquei doido para achar-lo) e mostra que o profissionalismo alcança resultados que um orçamento milionário raramente alcança sozinho. Mesmo quem não gosta do gênero deveria deixar um pouco de lado seu preconceito e saborear esta obra violenta e forte. Não meço elogios em falar de The Evil Dead: é ótimo, excelente, maravilhoso. É aquele filme que você vai sempre lembrar da primeira vez que o viu, e que sempre o verá novamente como uma deliciosa diversão.

Foram geradas 2 sequências :

– Evil Dead 2, de 1987, que é uma continuação do primeiro filme, porém abusa mais da comédia, mas mesmo assim não deixa de ser também impactante;

– e Army of Darkness, que segue o gancho deixado no segundo filme. Este, porém, é um filme mais voltado para a comédia, mas não deixa de ser bom.

Enfim, esta é uma obra prima do cinema. Muitos filmes posteriormente iriam chupinhar diversos elementos deste filme, porém todos sabemos que, The Evil Dead é The Evil Dead!! Se você ainda não viu, veja. Você terá quase 90 minutos de uma experiência única!

Nota: 10,0

———————————–

Elenco:

Bruce Campbell – Ashley J. “Ash” Williams
Ellen Sandweiss – Cheryl
Hal Delrich – Scotty
Betsy Baker – Linda
Sarah York – Shelly

Música – Joseph LoDuca

Câmera – Tim Philo

Edição – Edna Ruth Paul

Produção – Bruce Campbell

Sam Raimi

Robert G. Tapert

Escrito e dirigido por Sam Raimi